Ando á procura de espaçoPara o desenho da vida.
Em números me embaraço
E perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
Em vez de abrir um compasso,
Protejo-me num abraço
E gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
É já distância pedida.
Meu coração, coisa de aço,
Começa a achar um cansaço
Esta procura de espaço
Para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
Não me animo a um breve traço:
– saudosa do que não faço,
– do que faço, arrependida.
(Cecília Meireles)


Nenhum comentário:
Postar um comentário