quinta-feira, 15 de julho de 2010

Soneto - Mulher Abstrata


Sou quem sou,
simplesmente mulher,
não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo,
avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo,
sem dor, com calor, aconchego,
Supro carên
cias, rego desejos,
desabrocho em risos...
Matéria cobiçada...
na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura.
Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa,
repleta, latente.
Meretriz sem pudor,
mulher no ponto, uva madura!
Sou quadro abstrato,
me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente,
sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente,
vivendo o momento, sorvendo as horas.
Sou pétala recolhida, sem forma,
sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades.
Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel.
Vivo a vida em reticências...

(Ângela Bretas )

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