sábado, 17 de julho de 2010


A um só tempo, sou verbo e sou engenho…
Menina-sobressalto e mulher-serenidade,
Anjo de asas decepadas e fera ferida acossada
Silêncio cavo e rouco e eco de grito esquecido.
A um só tempo, sou rodopio e sou vertigem…
Vagar contemplativo e pressa de partir,
Seixo risível na farta poeira dos caminhos
e frágua resistente à erosão febril dos tempos.
A um só tempo, sou raiva surda e sonho alinhavado…
E assim avanço, desafiando lobos e abocanhando a desdita!
Submersa na luz que se ergue das sombras
Expondo em rimas nuas e tácteis
o húmus abundante e intangível da alma
neste navegar constante entre a ausência e a dor.
A um só tempo, sou a esfinge lunar
e o trilho luminoso da manhã…
E assim avanço, na invenção clara dos dias!
Desenhando asas coloridas para os bailados
tristes de todas as borboletas insípidas
que sobrevoam a Primavera
Mergulhando, a pique,
na branca espuma dos oceanos turbulentos da vontade,
Qual âncora lançada, entre as verdades interditas
e o verdume arrastado dos sofismas…
Ambas, alegria e plangência, estampadas no rosto!
A um só tempo, sou maré viva e
onda desfeita na orla morena da praia…
Mas é sempre de verde-água que cubro
a nudez difícil das horas em que o desespero me vence
E é sempre de promessas floridas
e de sorrisos frescos que me visto
quando todas as noites me ergo do meu leito em chamas
e a passos firmes caminho pelo ventre da vida

Serenamente…
A sede tomada ao tempo, fintando as farpas do destino!
(Tendergirl)

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