segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ILHA


A primeira vez que li uma poesia de Flora Figueiredo
foi na última página da revista Cláudia,
não me lembro bem onde,
só sei que foi amor a primeira poesia...
e não resisti
arranquei a folha e trouxe comigo,
pois tive medo de não lembrar o nome da escritora..rs
Separei aquelas que considero as mais bonitas
das que tive oportunidade de ler e tudo começou com esta:

ILHA

Não sei por que tanto mar em minha vida.
Ele que fala sempre em despedida,
que canta distância e solidão.
Por vezes parece até que ele vaza,
derruba minha porta,
invade minha casa,
ocupa minha cama,
lava meu chão.
Ele é que faz do leva-e-traz de cada onda
o mensageiro dos afetos separados
lá no horizonte,
onde a terra se arredonda.
São tantos anos de tamanha intimidade,
que hoje carero a forte sensação
de que o mar alterou-me a identidade:
metade água e metade coração.




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